sexta-feira, 23 de março de 2018

Tertúlia BDzine - nº 128 Junho 2008





   
   Intérprete frequente na BD, o gato, animal que suscita sentimento forte nos humanos, permite imagens cativantes e tem motivado escritores, pintores, ilustradores, nestes se incluindo os autores de banda desenhada.

   Assim aconteceu com a dupla Hugo Teixeira, desenhador, e Vidazinha, argumentista, tendo ela criado uma breve ficção por onde perpassa um drama emocional, que se depreende da atitude da personagem feminina, e termina num frémito dramático e perfeitamente inesperado.

   Um pequeno conto gráfico, muito longe dos lugares comuns que, por vezes, enfraquecem a arte banda-desenhística.

(Considerando a legendagem pouco legível, peço desculpa por relembrar que para ampliar a imagem será necessário clicar-lhe em cima duas vezes, a segunda já sobre uma lente) 


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Tertúlia BDzine
Fanzine aperiódico
Nº 128 - 3 Junho 2008
Edição especial, a cores, deste fanzine gratuito, comemorativo do 23º aniversário da Tertúlia BD de Lisboa.
Formato A4
4 Páginas
Tiragem: 100 exemplares
O presente número deste fanzine é dedicado ao tema O Gato
Edição da Tertúlia BD de Lisboa
Editor: Geraldes Lino
Apartado 50273
1707-001 Lisboa

Eros - Um fanzine dedicado ao erotismo

Capa desenhada por Pepedelrey, colorida por JCoelho

                   Prancha da banda desenhada "Da Memória dos Desejos", por Pepedelrey

Estava-se em 1987, editava eu o Eros, um fanzine de banda desenhada erótica. Erótica, mas não pornográfica. Vinte anos depois, após um longo interregno de dezasseis, e dessa vez com um encarte assumidamente pornográfico, saiu o nº 10.

Nesse décimo número do Eros, o sumário incluiu colaborações realizadas "pro bono" oferecidas ao faneditor (este meso blogger), e algumas à revelia dos autores (quatro portugueses e três estrangeiros), cujos nomes se registam na rubrica "Olho Voyeur".

1ª capa - Pepedelrey (desenho), JCoelho (cor)
2ª capa - Pedro Sousa Dias
 

As bandas desenhadas (títulos e autores):
Da Memória dos Desejos - Pepedelrey
Zambujas - JCoelho
Old Fashion - Rui Lacas
O Regresso de Valentina - Machado
Octopus - Sara Franco e Raquel Coelho
Luisinha - Zé Paulo
Tell me your stories - Zé Francisco
A 1ª vez - Zé Manel
Erros - Pedro Sousa Dias
 

Na rubrica "Olho Voyeur" (criada nos números iniciais do Eros, e sempre mantidas) aparecem imagens eróticas da autoria de:
Giorgio Donati, Filipe Abranches, Lígia Paz, Dino Buzzati, Frank Miller, Toshiki e Miguel Rocha.
 

"Last but not the least": há um encarte dedicado ao tema Gráficos Porno, com a reprodução parcial (28 pranchas de um total de 46) da bd Vaz & Lina, um trocadilho que retrata bem o conteúdo pornográfico, puro e duro, de uma banda desenhada assinada por Henrique, reproduzida em papel vermelho, com envoltório (só abrirá quem quiser) da mesma cor, a mais apropriada para cenas eventualmente chocantes.
Textos de Geraldes Lino e J. Machado-Di

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Eros - nº 10 - 3º trimestre de 2007
Formato 4
Capa a cores

BD da autoria de Pepedelrey, J.Coelho, Rui Lacas, Machado-Dias, Sara Franco e Raquel Coelho, Zé Paulo, Zé Francisco, Zé Manel
Uma brincadeira dedicada ao "Erros" e ao seu editor, por Pedro Sousa Dias 
O corpo principal do fanzine, impresso a preto sobre papel branco, é de cariz erótico, não pornográfico
O fanzine engloba o encarte "Gráficos Porno", de 28 páginas, em papel de cor vermelha, com banda desenhada pornográfica de autor português, coberta por um envoltório também de cor vermelha.
Editor: Geraldes Lino
Apartado 50273

Lisboa

segunda-feira, 19 de março de 2018

IL FANZINIÈRE - Fanzines vistos pelos fanzines


IL FANZINIÈRE, uma rubrica do fanzine italiano Fumetto, aqui apresentado há algum tempo (*) mostra logo à partida qual o assunto sobre o qual incide: os fanzines.

Nas duas colunas que abarca a rubrica, o redactor Luciano Tamagnini cita quatro zines: La Gazzetta di Clerville, Cronaca di Topolinia, Vitt & Dintorni e Tex Magazine.

Acerca de La Gazzetta di Clerville, já no seu nº 55, fica registado que se trata do órgão do Diabolik Club.

Cronaca de Topolinia - O principal do conteúdo deste zine, pela óptica do crítico, é um texto de Dell'Orso, que versa sobre o famoso Inferno de Topolino.

Diabolikando - Andrea Agati, apaixonado pelo fumetto nero em geral, e de Diabolik em particular, reincidiu na sua paixão ao editar o nº1 deste fanzine (28 páginas, tipo caderno, com capa de Bozzoli e Facciolo), contando com uma prova dos contactos do herói com o mundo do erotismo.

Vitt & Dintorni - A Associazone Amici de 'Il Vittorioso' editou o nº 28 deste zine, com, entre tantos motivos de interesse, artigos de Brunoro, Ragni e, em especial, de Turchi sobre Vitt, diminutivo de Vittorioso (*), jornal italiano de BD, e a banda desenhada nos anos sessenta.

(*) Il Vittorioso (1937/1966) foi um magazine de periodicidade semanal, nascido por iniciativa da Azione Cattolica, uma associação criada como resposta às revistas seculares, com o fito de oferecer aos leitores jovens bandas desenhadas com valores morais defendidos pela religião católica. A revista era feita unicamente por autores italianos, designadamente Bellavitis, Caesar, Caprioli, Gianni De Luca, Gianluigi Bonelli, Giovannini, Jacovitti, Lino Landolfi, Polese, nomes que seleccionei entre vários outros, por terem sido conhecidos dos leitores de algumas revistas portuguesas, em especial do Cavaleiro Andante. 

Tex Magazine - O nº10 deste magazine, órgão do Forum di Tex, por trás de capa inédita de Manlio Truscia debruçou-se sobre o tema do nu nos episódios do Tex, e deu azo a uma longa entrevista com Civitelli.
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(*) http://sitiodosfanzines.blogspot.pt/2018/02/fumetto-um-fanzine-italiano.html

sexta-feira, 16 de março de 2018

Feira Morta




Feira Morta volta a ser realizada na SMUP - Sociedade Musical da União Paredense (*) graças ao apoio da colectividade Cultura no Muro.

Esta mudança constante de local deve-se a diversos factores, um dos quais é o de se tratar de uma feira itinerante dedicada à edição de autor e a práticas de DIY de edição independente, onde se incluem os fanzines.

Citando as palavras dos organizadores, entre os quais o "Sar", pseudónimo de um dos mais activos:

"Para além de zines/revistas/comics/livros/prints/serigrafias/discos/vinil, a feira abarca ainda uma série de actividades diversas, sejam exposições, video-art, workshops, performances, concertos, deixando ainda espaço para apresentar novos títulos e conversas sobre estes mundos". 

Início: 17 Março às 14h30
Fim: 18 Março às 23h00

Local
SMUP - Sociedade Musical da União Paredense
Rua Marquês de Pombal, 319 
Parede
(Junto à estação de comboios - lado mar)   

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Os interessados em ver posts anteriores relacionados à "Feira Morta" e afins, poderão fazê-lo clicando no link indicado no rodapé

quinta-feira, 8 de março de 2018

Comic Cala-te




Comic Cala-te é um título que aproveita a cacofonia para fazer humor, não seria imaginável que tivesse a intenção de aconselhar qualquer forma de passividade, atitude nada consentânea com jovens pertencentes a uma associação de estudantes. É compreensível que o som do vocábulo anglófono comic tenha dado aos jovens alunos da Escola Secundária Gil Vicente (era Liceu antes do 25 de Abril) a ideia do trocadilho, que terá tido a ironia por finalidade, o que se deduz pelo espírito irreverente de algumas das bandas desenhadas que integram o fanzine.

A ideia para a edição do zine é explicada no editorial. 
Passo a citar:
"Este fanzine - o COMIC CALA-TE - é o primeiro trabalho do novo Núcleo de Banda Desenhada do Gil  Vicente. Esta iniciativa torna-se hoje tão necessária quanto é certo que este liceu reúne, não só um significativo público de BD, mas também um importante grupo de (potenciais) desenhadores, com grande versatilidade de estilos, e com qualidade mais que justificativa de um fanzine próprio. É importante para a Escola e para a realidade da BD amadora nacional, que esta experiência sobreviva aos obstáculos técnicos e financeiros que inevitavelmente se colocarão.
A ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES espera com este Núcleo contribuir para o enriquecimento cultural desta escola, desenvolvendo um campo artístico inédito no Gil Vicente - a 9ª ARTE." 
Fim de citação.

Ainda na mesma página do editorial (que se apresenta sob estupendo grafismo) há uma coluna com os nomes dos coordenadores, onde se encontram dois nomes bem conhecidos hoje na BD, João Tércio e Rui Lacas, e um na política, Sérgio Pinto, que assina por Sérgio uma banda desenhada, e pelas suas iniciais SSP (Sérgio Sousa Pinto) um artigo sobre Fernando Relvas. 
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A rubrica Opinião, embelezada por um bom grafismo ilustrado por imagens bem escolhidas, ocupa duas páginas do zine. Nesta primeira  aparece o já mencionado artigo de SST sobre o autor Relvas que reproduzo a seguir:

"Fernando Relvas é, sem dúvida alguma, o melhor desenhador português de banda desenhada. Embora desconhecido de muita gente, Relvas é, no entanto, um dos mais populares desenhadores nacionais. Este facto deve-se provavelmente à sua colaboração no jornal "Sete" e, anos antes, na revista "Tintin". A sua obra, incompreensivelmente, nunca foi publicada em álbum. "Comic-Cala-te" publica na sua última página um esboço apressado da sua autoria, um pequeno trabalho que fala por si. SSP"
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Nesta segunda página dedicada a opiniões (críticas?), Torpedo 1936 provoca um texto de J.T. (João Tércio), que abaixo reproduzo:

"Já não há heróis..." Torpedo funciona como um, mas não o é, Torpedo é um anti-herói. Sim, porque a tradicional designação de herói é a de um tipo honesto corajoso e bondoso. Torpedo é assassino, faz tudo por dinheiro, é mal encarado, não deixando por isso de ser um herói.
"Torpedo 6" é mais um livro de BD, espetacularmente desenhado por Jordi Bernet, com um argumento de Sanchez Abulí. o 6º volume da colecção TORPEDO não foge à qualidade das restantes: os desenhos de Bernet são excelentes, e a história é razoável, embora Abulí faça melhor. Pessoalmente, Bernet faz parte do meu grupo de desenhadores preferidos e Torpedo um dos meus heróis.
"Torpedo 6", como todos os restantes volumes, é um livro essencial a uma colecção de banda desenhada. J.T. 
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Surge em seguida a colaboração de um jovem autor chamado Rui Mendes (ou apenas Mendes, como também assinava), bastante talentoso, que não conheci e do qual nunca consegui o contacto. Observem-se as três pranchas/páginas que se seguem.
    




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Surge na página 9 uma prancha de apresentação de Sérgio, com uma excepcional legendagem (manual?) do próprio, em que fala da banda desenhada que fez para a revista Selecções BD e que não chegou a enviar. Vamos começar por ver essa prancha de apresentação, que por si só dá uma ideia do talento do seu criativo.



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Após este excepcional teaser vamos ficar surpreendidos com o estilo totalmente diverso da tal banda desenhada (Euclides - Claustrofobia) que Sérgio não chegou a enviar para a citada revista, mas que é sem dúvida surpreendente, em que a personagem Euclides (uma genial figura clownesca) brinca com os próprios códigos da BD, neste caso cortando com a tesoura as linhas delimitativas das vinhetas, e no fim abrindo um buraco na prancha por onde se despenha!    



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 Temos depois uma composição da autoria de Lacas (um pseudónimo que passou a identificar o Rui), a afirmar ter feito a banda desenhada "Dívidas Até ao Pescoço" propositadamente para este nº1 do zine. Veja-se a apresentação:

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Veja-se/leia-se a banda desenhada de Rui Lacas, uma curta de três pranchas/páginas:

 


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João Tércio tem prestígio na BD nacional, cimentado com algumas aparições recentes. Aqui no zine, datado de há vinte e tal anos, já demonstra relevante cultura, ao escrever na apresentação da sua banda desenhada:

"A B.D. que se segue é uma adaptação de uma novela de Becket, grande autor contemporâneo. Tem por título "O Fim". O que funciona em livro, não funciona tanto em B.D. "O Fim" não é mais do que uma experiência pessoal no campo da adaptação da literatura para a 9ª Arte. A história narra, como o próprio nome indica, o fim da vida, contado com uma ironia e um humor negro devastador, de uma forma espectacularmente beckettiana."

               
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João Tércio fez em apenas três pranchas a síntese da novela de Beckett, "O Fim". Ei-las:



 
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Ricardo Tércio teve visível actividade na BD durante algum tempo, mas depois desapareceu. A sua prancha de apresentação é simples: "Não tenho muito para dizer pois acho que as duas pranchas seguintes apresentam-se a si próprias. É tudo".

Vejamos então as duas pranchas:
    


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E para acabar, a contracapa do zine apresenta um desenho improvisado por, nada mais nada menos, Relvas, a representar uma personagem criada por ele, publicada na revista Tintin (edição portuguesa) e com provável publicação em álbum ainda este ano de 2018. Infelizmente, Fernando de Melo Relvas já cá não está.  


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Ficha técnica
Título: Comic Cala-te 
Formato A4
Miolo: 24 páginas, agrafadas
Tipo de impressão: fotocópia, preto e branco
Conteúdo: bandas desenhadas 
Coordenadores: João Tércio e Rui Lacas
Data da edição: Janeiro de 1990
Preço: 150 paus
Local da edição: Escola Secundária Gil Vicente
Lisboa