terça-feira, 26 de junho de 2018

Zero - (nº4 - Fev.1991)


Manuel Caldas é actualmente um editor profissional, ligado umbilicalmente à personagem Príncipe Valente, embora já tenha editado nas suas chancelas Livros de Papel e Libri Impressi vários heróis da banda desenhada, nomeadamente Hägar o horrendo, Lance, Tarzan dos Macacos, Krazy Kat, Cisco Kid, Matt Marriott e outro tipo de personagens, tais como Dot & Dash ou Os Meninos Kin-der. 
Mas os seus começos tiveram a ver com edição de dois fanzines - Nemo e Zero - onde demonstrou bom gosto, profundos conhecimentos da BD clássica, e eficiência na planificação do conteúdo dos zines, bem como na qualidade dos seus próprios textos.
Todavia há uma faceta de Manuel Caldas só conhecida de quem possua o nº4 do fanzine Zero: a de desenhador autor de BD. É isso que se descobre nessa edição deste seu zine, datada de Fevereiro de 1991 onde, logo na primeira página (ou capa). se podem observar três vinhetas, em formato rectangular ao alto, em que o ilustrador demonstra elevada sensibilidade na composição da prancha. Esse impulso gráfico de abertura tem seguimento no interior do zine, onde surge o verdadeiro início da banda desenhada "Diálogo Transcendente Entre Um Menino e Uma Estrela", mantendo-se o estilo minimalista bem sugestivo ao longo de cinco pranchas/páginas.
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Além desta peça pessoal, o editautor seleccionou para o conteúdo bandas desenhadas de autores portugueses e estrangeiros. Nestes últimos destaca-se Silas (pseudónimo de Winsor McCay) com uma prancha de "Sonho do Viciado do Fondue" (imagem acima).
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As preferências do editor do zine Zero ficam bem evidentes: depois de Silas/Winsor McCay surgem cinco pranchas da singular criação Krazy Kat, de Herriman (de que aqui se podem apreciar duas).
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De um menos conhecido H.M.Bateman, autor inglês, pode apreciar-se uma banda desenhada curta e sem palavras (duas pranchas/páginas), intitulada "Um Dia na Vida do Homem de Uma Nota Só", que acima ficam reproduzidas.
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Winsor McCay, em seu próprio nome, é o autor da tira dedicada à personagem "O Pequeno Sammy Espirro" (correcta tradução de "Little Sammy Sneeze" por Manuel Caldas), e na tira de baixo colabora Segar, não com Popeye mas com Sappo, personagem que cria desenhos impagáveis, um desenhador dentro da própria banda desenhada.
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Dos portugueses, além dele próprio, Manuel Caldas mostra vários autores, entre os quais Fernando Bento, com o seu pequeno "Filipim", logo na página 3 onde consta também o seu texto de apresentação do zine.
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Duas portuguesas, a argumentista Madressilva e a desenhadora Madalena Colaço, são as autoras da série "Tico-Tico e Rebolinha", de que acima se pode ver uma prancha.
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Morim (José Morim), na altura um jovem, que partilhava com o primo Agonia Sampaio um estilo com muitas semelhanças de que mais tarde se libertou - como se prova pela obra "Portugal 8 Séculos em banda desenhada" publicada em álbum em 1996 -, participava no zine com a banda desenhada "O Assalto", distinguida no concurso "Histórias da Cerveja", promovido em 1988 pela Unicer, passe a publicidade.
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Publicada originalmente na revista Fagulha, reproduzida posteriormente no fanzine Boletim do Clube Português de Banda Desenhada (nº61, 1986) esta ingénua e divertida curta de Artur Correia foi mais uma vez publicada num zine, este Zero de que trata o presente post.
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Ficha técnica 
Título: Zero
Nº4 - Fev.91
Formato A4
20 páginas impressas a p.b.
Periodicidade: bimestral
Editor e director: Manuel Caldas
Endereço: R. Almirante Reis, 91 A r/c
Póvoa de Varzim
Preço: Nºs 1 e 2: 150$00 cada, nº3: 200$00

1 comentário:

Leónidas disse...

Já não os vejo há bastantes anos, mas em tempos convivi com o Morim, o Agonia Sampaio e o Carlos Santos (de quem aparece uma bd no número 4 do ZERO), então bastante unidos os três. Tenho a certeza de que não havia qualquer grau de parentesco entre eles.