Número 4 - Maio de 1973
Iniciei a apresentação deste fanzine, editado por Vasco Granja entre Abril de 1972 e Novembro de 1974, num post datado de 16 de Março de 2017.
Nesse post inicial incluí os quatro primeiros números do zine (0,1,2 e 3) publicados em 1972, Ano I dos fanzines em Portugal.
Volto agora a escrever acerca do Quadrinhos, abarcando os números 4, 5 e 6 editados no seu segundo ano de vida, 1973.
Logicamente, a imagem que ilustra o topo do post é a do nº4 (Maio de 1973), primeiro desse ano.
Essa imagem, dedicada a duas personagens da galeria Hergiana, teve direito, no artigo dedicado a Hergé publicado neste número, à seguinte nota de rodapé:
"O
desenho de Tintin e Milou impresso na capa do presente número de
'Quadrinhos' foi expressamente executado por Hergé como homenagem aos
seus numerosos admiradores portugueses".
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No conteúdo desta quarta edição sobressaem os artigos:
1. Eduardo Teixeira Coelho - Uma presença viva no "Jornal do Cuto" - por Vasco Granja
2. Alguns aspectos da obra de Eduardo Teixeira Coelho - por Ercílio de Azevedo
3.
Encontro com Rinaldo Traini em Annecy - artigo não assinado, mas
escrito na primeira pessoa, o que significa tratar-se de prosa do
próprio editor do fanzine
4. Sebastião da Gama e a Literatura Marginal (uma transcrição do "Diário de Sebastião da Gama")
5. Hergé. Yellow Kid Special -Lucca 72
A capa reproduz um episódio da personagem "Anita Diminuta", com desenho de Jesús Blasco e argumento de A. Lomag
A ficha técnica deste número esclarece:
QUADRINHOS
é um fanzine editado por Vasco Granja para informação das novidades
bibliográficas nacionais e estrangeiras.
Correspondência: Avenida Bartolomeu de Gusmão, 4-2º-D. - Damaia.
Correspondência: Avenida Bartolomeu de Gusmão, 4-2º-D. - Damaia.
Reproduzo em seguida excertos de vários artigos que compõem o conteúdo do fanzine.
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ANITA DIMINUTA (*)
Texto de Luís Gasca
A
história de "Anita Diminuta" é, como o seu nome, pequena e sem muitas
anedotas, pródiga, sim, em incidências qual delas a mais disparatada.
"Anita Diminuta" nasceu no mundo da banda desenhada quase ao mesmo tempo que "Cuto", a outra grande criação de Jesús Blasco. A pequena heroína dos "tebeos" espanhóis, fez a sua primeira aparição numa revista tão reduzida no formato como o seu nome, chamada "Mis Chicas", quando o semanário "Chicos" modificou o seu aspecto. Desde o seu primeiro número, com a data de 2 de Abril de 1941, "Anita Diminuta" figura na capa, ocupando um lugar de honra que só abandonou, salvo raras excepções, ao transformar-se esta revista no semanário "Chicas", mais tarde.
"Anita Diminuta" nasceu no mundo da banda desenhada quase ao mesmo tempo que "Cuto", a outra grande criação de Jesús Blasco. A pequena heroína dos "tebeos" espanhóis, fez a sua primeira aparição numa revista tão reduzida no formato como o seu nome, chamada "Mis Chicas", quando o semanário "Chicos" modificou o seu aspecto. Desde o seu primeiro número, com a data de 2 de Abril de 1941, "Anita Diminuta" figura na capa, ocupando um lugar de honra que só abandonou, salvo raras excepções, ao transformar-se esta revista no semanário "Chicas", mais tarde.
"Cuto"
é valente, decidido, um rapaz esperto, com a vida plena de aventuras
plausíveis e em quem todos os pequenos leitores se identificam com
facilidade. "Anita", pelo contrário, vive num mundo de ficção, de conto
de fadas, onde nada é logicamente possível. E portanto agrada às
meninas, que procuram não participar na acção mas apenas viver aventuras
irreais. Outro aspecto que distingue as duas maiores criações de Blasco
nos anos 40, "Cuto" e "Anita Diminuta", é a solidez dos argumentos
dessa primeira criação, explendidamente construídos, perante certas
debilidades da linha narrativa de "Anita", que dá por vezes a sensação
de terem sido escritos sem ter em conta as incidências anteriores. Tudo
isto, juntamente com marcados caracteres fantásticos, característicos da
literatura de histórias de fadas, fazem de "Anita" um caso à parte na
história do "comic" espanhol. (...)
(*) Em Portugal o nome foi transformado em "Anita Pequenita"
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I ENCONTRO NACIONAL DE BANDA DESENHADA
Organizado
por Boommovimento, sob a orientação de António Pedro Pita e José de
Matos-Cruz, efectuou-se nos dias 24 a 26 de Agosto, na Figueira da Foz, o
Primeiro Encontro Nacional de Banda Desenhada, que teve a participação
de cerca de uma centena de assistentes.
Alguns dos temas
focados neste encontro:
História geral do "comic";
Banda desenhada espanhola;
Um novo autor francês: Druillet;
Sociologia das histórias em quadrinhos (*);
A banda desenhada em Portugal: autores, editoriais, fanzines.
História geral do "comic";
Banda desenhada espanhola;
Um novo autor francês: Druillet;
Sociologia das histórias em quadrinhos (*);
A banda desenhada em Portugal: autores, editoriais, fanzines.
Exposição de pranchas, fanzines e revistas,
projecção de diapositivos, feira de edições, debates, discussão de
projectos e distribuição de textos teóricos completaram esta
interessante iniciativa. (...)"
(*) Este texto,
escrito pelo faneditor Vasco Granja, reflecte a sua inclinação para usar
o vocábulo "quadrinhos", mesmo quando o título desse livro publicado em
Portugal, talvez o primeiro da especialidade, tenha o título de
"Sociologia das Histórias aos Quadradinhos".
De notar
também que faz o registo de um evento pioneiro em Portugal dedicado à
Banda Desenhada, que, não se tendo chamado Festival, apenas "Encontro",
teve vários componentes que constituiriam mais tarde o I Festival de
Banda Desenhada de Lisboa, em Março de 1982.
Número 6 - Novembro de 1973
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