Terry e os Piratas (Terry and the Pirates), de Milton Caniff, é uma das obras primas da Banda Desenhada, e José Pires, autor de BD (*) apaixonou-se pela obra, decidindo publicá-la na íntegra, no que se refere às tiras, no seu fanzine FandClassics - O fanzine do fanático dos grandes clássicos da BD.
Desde Novembro de 2016 que Pires está imerso na tremenda tarefa de publicar essa versão completa da dita obra Terry e os Piratas, que foi editada na imprensa dos Estados Unidos da América em tiras diárias, entre 1934 e 1946.
E visto que cada número do FandClassics comporta 120 páginas com tiras da obra, tal implicará a edição de dez volumes do seu zine, num total de 1200 páginas. Será decerto uma edição única em todo o mundo.
Com alguma aperiodicidade, mas em consecutiva e persistente tarefa editorial, o veterano todavia activo faneditor lançou até agora quatro volumes (o que significa 480 páginas): após o primeiro, em Novembro de 2016, seguiu-se o 2º episódio, já em 2017, em Janeiro, depois o 3º em Fevereiro e o 4º no passado mês de Abril.
Ao ritmo a que tem estado a executar a magnífica tarefa, talvez José Pires consiga terminá-la até ao fim do corrente ano de 2017. O FandClassics apresenta-se em formato italiano, ou seja, oblongo - vulgo "ao baixo" - e note-se que a execução de cada exemplar é assaz trabalhosa, porque, devido ao elevado número de páginas, 122 (120 preenchidas por BD), isso implica que tenha lombada, pormenor manufacturado com muita habilidade.
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(*) Para quem não conheça José Pires: este autor tem longa carreira, iniciada no Cavaleiro Andante, continuada no Mundo de Aventuras (5ªsérie), tendo chegado à revista Tintin belga, onde produziu extensa colaboração, e após o desaparecimento desta, continuou a trabalhar para a sucessora Hello Bédé.
Há também bandas desenhadas suas, curtas, nos fanzines Eros e Almada BD Fanzine, dando a ideia de que estas suas experiências o apaixonaram pelo fenómeno fanzinístico, tanto assim que o seu nome aparece ligado à edição de fanzines a partir de 1989 (Fandaventuras), 1995 (Fandwestern), 1998 (A Máquina do Tempo).
E embora tenha entretanto sido editado em álbuns de BD e na revista Jornal do Exército, José Pires tem continuado até hoje ligado ao fanzinato, com destaque, a partir de 2016, para este Fandclassics.
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Dou em seguida a palavra a José Pires. Melhor do que ninguém, ele poderá explicar a tarefa homérica a que meteu ombros. Eis o texto que me enviou, a que eu faço copy paste com a devida vénia:
"A série Terry e os Piratas é considerada um dos clássicos dos clássicos, ombreando com o Principe Valente, o Flash Gordon, o Rip Kirby, e por aí fora. Mas a história das páginas dominicais complicou tudo, estou convencido, e deve estar na base do Milton Caniff ter abandonado a série em 1946, depois de 12 anos consecutivos de publicação. E, de facto, a série continuou, depois, pela mão de George Wunder, mas este já não entrou no esquema das páginas diminicais, que acabaram por tornar a série apenas parcialmente conhecida, como em Portugal, onde muito poucos a conhecem.
Este berbicacho (páginas dominicais) impedia outros jornais de outras latitudes (como o Público, por exemplo) de a publicarem, pois ao depararem com uma coisa que era de maior formato, com quatro tiras, duas a duas, a quatro cores, causava transtornos de páginação e ocupava muito do espaço destinado à publicidade (aquilo que torna os jornais a preço mais acessível). E as editoras que se aventuravam a publicar a série transformavam essas páginas dominicais em tiras a preto e branco (mais curtas e mais altas), mas a gigantesca dimensão da série, 25 volumes, não permitia às editoras tempo necessário a uma mais competente retirada dessas cores, e como os gráficos não dispunhas de meios informáticos na altura, o trabalho era muito demorado, deficiente e até muito tosco, mesmo. Acresce que nessa mesmas páginas dominicais, logo na primeira vinheta, apresentavam um enorme logótipo da série, que na publicação semanal até se compreendia, mas numa edição em álbum se transformava num verdadeiro pesadelo, aparecendo sistematicamente, de oito em oito tiras, quebrando a uniformidade que se exige a uma publicação em álbum.
Ora esta minha ambiciosa edição consegue tornear o problema à custa de uma tarefa de meter medo ao susto. Repara: a série durou 12 anos. Ora como cada ano tem 52 semanas, teremos 52X12=624 retiradas de logótipos substituídos por imagens do próprio Caniff, resgatadas, combinadas e arranjadas para preencher o espaço. Além disso há as mais de 4.380 pequenas tarjas com as legendas dos direitos de publicação que, embora diminutas e colocadas em sítios estratégicos, acabavam prejudicando o aspecto geral, foram também removidas, para já não falar de alguns milhares de redes ratadas ou entupidas que foram substituídas.
E eram estes detalhes que eu gostaria de ver realçados nos diferentes blogs que falam dos meus fanzines e que até agora ‹ por incúria minha, decerto, o não fizeram. Se tu o fizesses serias o primeiro a dar notícia destes importantes detalhes.
Aí tens as minhas razões."
[José Pires]
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Nº4, Abril 2017 - Amostra de algumas das tiras de Terry e os Piratas
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Ficha técnica
FandClassics - 4º episódio
Editor: Não indicado [José Pires]
Data da edição: Não indicada [Abril 2017]
Tiragem: Não indicada [12 exemplares]
(Material inédito em Portugal)
Capa e contracapa a cores
Miolo: 120 páginas a preto e branco
Dimensões: 30x21cm
Volume com lombada
Preço: 15€ (preço para os sócios do Clube Português de Banda Desenhada-CPBD)
Local da edição: Lisboa
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