segunda-feira, 22 de maio de 2017

Edição alternativa comercial - Carne Viva, pornografia em BD portuguesa

Ilustração de Horácio para a capa do número inicial da colecção Carne Viva

Horácio é um autor português que privilegia a banda desenhada de cariz pornográfico, puro e duro. Nada de contemplações: se o que ele quer contar inclui cenas de sexo explícito- e já deu provas anteriores de ser isso o que pretende -, é o que frontalmente mostra, num estilo de desenho invulgarmente correcto e... sugestivo.

A sua coragem, enquanto autor, corre em paralelo com a de responsável editorial, e este álbum vem demonstrar, mais uma vez, que Horácio Gomes tem um papel singular na banda desenhada portuguesa.

As provas estão nas bandas desenhadas que este volume comporta:
1. Gabinete do Dr. Dildo
2. VHS

Além do desafiador "Teste-se! Saiba se o sexo ainda o acende, e como!", com uma curiosa (no mínimo) chave de resultados, e a competente tabela de soluções, impagável em absoluto.

A acompanhar o volume, está uma separata de três páginas de cujo texto, também de sua autoria, respigo um curto excerto:

"(...) É um dado comum que o cada vez maior interesse social para com os mais diversos aspectos da sexualidade humana tem contribuído para que a sociedade esteja cada vez mais atenta à pornografia - o que tem despertado não só muita controvérsia, mas também desenvolvido muita fascinação (...)

(...) Como tal, "Carne Viva" é uma obra que surge contextualizada no momento certo, enquanto lidando com a sexualidade e a pornografia, apesar dos riscos que isso possa comportar para mim, enquanto seu autor. (...)

Infelizmente, a edição ficou-se por este número inicial

Carne Viva
nº1 - Abril 2006
Capa em quadricromia, miolo com 26 páginas a preto e branco
Tiragem: 1000 exemplares
Preço: 6€
Editor: Nova Comix
Travessa Srª da Glória, 22 - 3º - esqº
1170-357 Lisboa

E-mail: nova.comix@sapo.pt
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(*) Porquê classificar como edição alternativa comercial e não como fanzine? Qual a diferença?

Um fanzine é uma publicação alternativa, amadora, um magazine feito sem intuitos lucrativos por um faneditor (editor amador), ou por um grupo de entusiastas (editores amadores), ou até por uma associação sem fins lucrativos.

Uma publicação alternativa comercial tanto pode ser uma revista como um álbum, editadas por uma pequena editora normalmente considerada "editora independente", por se dedicar a um tipo de publicações de temas geralmente não tratados pelas grandes editoras, mas igualmente com fins lucrativos, pormenor que marca a ténue fronteira que as separa dos faneditores e seus fanzines.
No caso da edição de BD, prevalece a banda desenhada de cariz underground, dita alternativa.
 
(*) Nota: Trata-se de opinião própria, não extraída de qualquer obra publicada.Por conseguinte, estou a estabelecer doutrina inédita sobre o assunto.

Geraldes Lino

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