sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Juvebêdê nº 64 - Julho 2016
Sempre com bom aspecto gráfico, aí está o nº64 do Juvebêdê, com data de Julho de 2016, mas finalizado e distribuído (gratuitamente) em Setembro.
Editado em Lisboa desde Abril de 1997 pela Associação Juvemedia (eu escreveria Juvemédia) - uma colectividade sem fins lucrativos - o Juvebêdê mantém-se em publicação quase há vinte anos, inicialmente sob a batuta de um trio - Carlos Fernando Cunha, Alexandra Sousa e Miguel Coelho - sendo apenas os dois primeiros, por acaso um casal, quem trata agora da edição.
O Juvebêdê - sem periodicidade, sem fins lucrativos, sem pagar aos colaboradores, com distribuição gratuita - eis quatro pormenores que fazem com que se inclua no conceito de fanzine (embora, como na maioria das vezes, em forma de revista), o que não tem qualquer sentido minimizante, apenas se integra num tipo de publicação independente diferente das revistas comerciais/profissionais, publicadas por editoras formais que têm finalidades lucrativas.
Aliás, graças à excelente qualidade com que se apresenta, editado em papel de boa gramagem e impresso em quadricromia, e naturalmente pelo interesse dos seus conteúdos, obteve o prémio de "Melhor Fanzine" em 1998 atribuído pelo júri do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
O presente número põe logo em destaque na capa dois assuntos: a edição em álbum da obra em BD "Os Doze de Inglaterra", de Eduardo Teixeira Coelho, um conto gráfico editado inicialmente na revista "O Mosquito", e a VII Ilustrarte 2016 (realizada entre 22 de Janeiro e 17 de Abril, um certo desfasamento admissível num fanzine...), uma reportagem fotográfica, no Centro Nacional de Cultura, da apresentação do álbum "Os Doze de Inglaterra", com a presença de Guilherme de Oliveira Martins, José Ruy e o editor Guilherme Valente, da Gradiva, editora daquela notável obra de banda desenhada.
Merece destaque a rubrica "JuveBD Breves", onde se faz a resenha, em seis páginas, das novidades editoriais da BD, e em que se registam notícias diversas visando essecialmente a banda desenhada.
Há também uma interessante rubrica nova, "JuveBD da Estante", em que se recordam álbuns editados em tempos anteriores. Neste início, podem ler-se notas críticas a várias obras, nomeadamente "Anna na Selva", de Hugo Pratt, edição da Meribérica/Liber (editora entretanto desaparecida); "O Lama Branco - O Primeiro Passo" - Tomo 1, de Jodorowsky e Bess, Edições ASA; "Bouncer - Um Diamante para o Além", de Jodorowsky e Boucq - Tomo 1, Edições ASA; "Western", de Jean Van Hamme e Rosinsky - Edições ASA; "Isaac o Pirata" - Tomo 2, "Os Gelos", de Christophe Blain, Edições Polvo.
Só é pena que não sejam indicados os anos de edição de cada álbum.
Ficha Técnica
Propriedade e edição: Associação Juvemedia
Rua da Fé, nº29 -1150-149 Lisboa - Portugal
Telefone 00351 213542711
Correio electrónico: info@juvemedia.pt
Sítio: www.juvemedia.pt
Blogue: http://juvebede.blogspot.pt
FB: https://www.facebook.com/juvebede
Director e Coordenador Editorial: Carlos Fernando Cunha (ccunha@iol.pt)
Redacção: Alexandra Sousa (xana.sousa@iol.pt) e Carlos Fernando Cunha
Ilustrações: Tiago Marques e Ricardo Ferrand
Design: Go.Create - Marketing, Comunicação e Eventos SA
Execução Gráfica: Câmara Municipal de Lisboa - Imprensa Municipal
Colaboração: Bizâncio, Gradiva e Ilustrarte
Tiragem: 250 exemplares
Distribuição (Gratuita): Associação Juvemedia
Apoios: Pelouro da Juventude da Câmara Municipal de Lisboa e Marmedsa Agência Marítima (Portugal)
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Juvebêdê, Vinte Anos de Edição Fanzinística
Passaram-se quatro décadas e meia após o aparecimento do primeiro fanzine em Portugal editado em Janeiro de 1972 por alunos do Liceu Gil Vicente, em Lisboa.
Nesse Ano I dos zines portugueses fizeram história oito títulos: Argon, o iniciador do nosso fanzinato, por edição de alunos do Liceu Gil Vicente, seguido por Saga, Quadrinhos, Copra, P.Druillet/P.Caza, Orion, Ploc e Yellow Kid, todos eles, coincidentemente, dedicados à banda desenhada. Embora nos Estados Unidos da América, berço deste tipo de publicações não comerciais, o primeiro tema tivesse sido, em 1930, a ficção científica, e só em 1936 tivesse sido editado um zine composto por comics.
Em Portugal, após o ano pioneiro de 1972, a edição fanzinística embalou, e continuaram a surgir muitos títulos, editados por jovens potenciais autores, individualmente ou em grupo, mas também por adultos interessados em publicar estudos acerca da história da figuração narrativa e seus iniciadores, bem como por entidades culturais, eventualmente oficiais, em apoio a propostas editorias de novos da BD.
Apareceram assim fanzines dedicados a temas vários - música pop, ilustração, poesia -, mas é indubitável que tem cabido à BD a preponderância: alguns dos zines apenas incluindo bandas desenhadas, por isso os classificados «de BD»; outros, com textos de teor diferente, mas contendo uma ou duas bandas desenhadas, são os «com BD»; e ainda uns preenchidos por estudos, biografias, entrevistas e notícias essencialmente de teor bedéfilo, constituem os fanzines «sobre BD».
A integrar esta terceira modalidade surgiria, em Abril de 1997, o Juvebêdê, editado em Lisboa pela Associação Juvemedia, que distribui gratuitamente os actuais duzentos e cinquenta exemplares impressos aos sócios e a quem o solicitar - todavia a tiragem chegou, no início, aos mil exemplares, o que não sendo caso único, é muito invulgar -, cuja periodicidade é indicada na ficha técnica como trimestral, mas não rigorosamente cumprida, pormenor habitual nos fanzines.
Dirigido e coordenado inicialmente, até ao nº6 (Maio de 1998) por Miguel Coelho, estava a redacção e a parte fotográfica a cargo de Alexandra Sousa e Carlos Fernando Cunha. A partir do nº7 (Julho de 1998) passou a coordenação editorial para as mãos de Carlos Cunha, continuando Miguel Coelho na direcção. A partir do nº20 (Abril de 2001) foi a vez de ser Carlos Fernando Cunha director e coordenador, ficando Miguel Coelho na redacção. Alexandra Sousa mantém-se desde o início na redacção e agora também a coordenar o blogue (http://juvebede.blogspot.pt) iniciado a 1 de Abril de 2013.
Inserido no conceito de fanzine devido ao conjunto de características que remetem para a própria entidade editora, de âmbito cultural sem fins lucrativos, exclusivamente com colaboradores em sistema pro bono. Apresenta-se o Juvebêdê em formato de revista, num papel de boa gramagem, impresso em offset e quadricromia, pormenores visuais que, juntamente com o interesse dos seus conteúdos, lhe valeram a distinção de Melhor Fanzine (relativamente aos números editados entre Setembro de 1997 e Agosto de 1998) atribuído pelo Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora BD/98.
O que significou o reconhecimento público do excelente nível qualitativo do zine, em cujas páginas se incluem entrevistas com autores nacionais e estrangeiros, desenhos autografados pelos mesmos, apresentação de novidades editoriais, reportagens fotográficas de eventos dedicados à BD e, embora esporadicamente, bandas desenhadas curtas ou séries em tiras.
Indubitavelmente, o zine Juvebêdê tem lugar marcante no fanzinato português, tanto pela qualidade como pelos vinte anos de publicação ininterrupta, atingidos por este nº68, edição especial, comemorativa do aniversário.
Geraldes Lino
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Os interessados em ver posts anteriores dedicados a este zine, podem fazê-lo clicando na etiqueta Juvebêdê incluída no rodapé
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